Em consultório, uma mãe perguntou a minha opinião sobre a importância de ensinar a criança a partilhar.
Para ela, não se justifica. Diz que ela não empresta as suas coisas a qualquer pessoa, só porque sim, porque tem o seu filho que o fazer? Não concorda nem percebe que quando vai com o filho ao parque e ele leva os seus brinquedos, tenha que partilhar com os outros meninos que lá estão, nem que os outros pais incentivem a que isso aconteça.
Tentei explorar um pouco melhor.
" - Se ele não quer emprestar e fica triste quando empresta, não tem que emprestar e pronto. Tem que aprender a escolher o que o faz feliz. Este mundo está cheio de gente aproveitadora e que abusa dos outros e assim pode ser que ele se saiba defender melhor. Não concorda?"
Não, não concordo e felizmente pude explicar a esta mãe o meu ponto de vista. E foi por saber que esta mãe não é a única a pensar assim, que resolvi partilhar aqui também o meu ponto de vista.
Se não ensinarmos a partilhar, a colocar a criança "na pele do outro" desde pequenina, a criança não tem como aprender os valores da empatia, da entreajuda, da generosidade e da partilha, valores fundamentais para a humanidade que nos caracteriza.
É verdade que mais tarde terá o seu livre arbítrio, a decisão será dela, mas precisa ter lá estes valores para que possa efetivamente, escolher.
Utilizando a mesma argumentação desta mãe para um outro assunto relativo à educação dos nossos filhos, porque não deixamos os nossos filhos escolher o que querem comer? Eu também escolho o que quero comer, para quê insistir com eles, na sopa, na salada e nos legumes e não deixa-los só comerem os doces, o bife e as batatas fritas?
Se queremos um mundo melhor, temos que criar os nossos filhos para que eles façam deste mundo um mundo melhor, e não aguçar o que de mais individualista há em cada um deles, para que sobrevivam às adversidades, até porque a História tem-nos mostrado, que as grandes e positivas mudanças se fazem juntos e com consciência do sofrimento de outros, com capacidade de empatia.
Se nos emocionamos a ver filmes como o que se segue, é porque nos conseguimos descentrar e colocar na pele do outro. Esse é o ensinamento máximo que quero passar aos meus filhos: Serem capazes de identificar o que não está bem à sua volta e modificar para melhor o seu m2, e Mães, somos nós que temos esse tão grande valor agora nas nossas mãos.
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